23 ago Como controlar suas emoções pode beneficiar sua corrida
Vanderlei Cordeiro de Lima, Jogos Olímpicos de Atenas 2004, um dos maiores maratonistas que o Brasil já teve, e possivelmente que o mundo já viu, talvez não em tamanho ou em quantidade de medalhas, mas em atitude.
Muitos conhecem a história, após liderar a Maratona Olímpica por mais de 1 hora, faltando apenas 7 kms para chegada, Vanderlei é empurrado e segurado pelo o ex-padre irlandês Cornelius Horan, o que prejudicou seu desempenho e com isso acabou ficando com a medalha de bronze, quando àquela altura a maior parte dos comentaristas já davam como certa a de medalha de ouro.
O incrível não foi o fato de ele ter conseguido manter o pódio e sim a capacidade de perdoar, pois mesmo sob toda emoção do ocorrido conseguiu logo em seguida entrar no estádio fazendo o seu famoso gesto, o “aviãozinho”, e algum tempo depois foi a público dizer que perdoava o ex-padre.
Vanderlei é o único latino-americano outorgado com a Medalha Pierre de Coubertin, a maior condecoração de cunho humanitário-esportivo concedida pelo Comitê Olímpico Internacional.
“Medalha Pierre de Coubertin é uma honraria esportiva–humanitária concedida pelo Comitê Olímpico Internacional a atletas e pessoas envolvidas com o esporte que demonstrem alto grau de esportividade e espírito olímpico durante a disputa dos Jogos. Ela tem o seu nome em homenagem ao criador dos Jogos Olímpicos modernos, Barão Pierre de Coubertin.” (Wikpédia)
A capacidade de perdoar, de estar em contato com sentimentos puros como amor e compaixão são realmente nobres e hoje são estudados também como sentimentos capazes de trazer estabilidade para nossos sistemas fisiológicos. Estudos recentes do Heartmath Institute têm demostrado que este tipo de sentimento mantem a cadeia de DNA alongada – efeito contrário que acontece quando estamos expostos às emoções ruins como mágoa, preocupação, raiva, estresse, causando a contração do DNA – e isso vai agir diretamente no sistema fisiológico. Todo processo metabólico acontece através da transcrição gênica ou seja do DNA passando uma informação para uma proteína que irá atuar no metabolismo e desta forma regulando o organismo. Além disso, o coração é hoje descrito como um segundo cérebro. Este tem conexões por inervação com o cérebro límbico (parte do cérebro considerada como o centro das emoções) que regula aproximadamente 95% do sistema fisiológico. Essa conexão nervosa ajuda a manter o equilíbrio homeostático (equilíbrio) de todo organismo, devido ao fato de o coração emitir uma onda eletromagnética a cada batimento, e essa onda pode estar em coerência ou caos.
Quando a onda está coerente o coração libera alguns hormônios importantíssimos de efeitos relaxantes e regulatórios, esses hormônios são Ocitocina e um hormônio exclusivo chamado Atrio-peptídeo além de neurotransmissor como Dopamina, e que vão manter o organismo em estado de relaxamento e as funções acontecendo normalmente. Quando a onda está em caos cardíaco o coração irá liberar adrenalina que é liberada em ações de luta e fuga (estresse). Essa comunicação entre eles faz com que, tanto o coração como o cérebro límbico, se influenciem.
Estudos demonstram que podemos manter a onda coerente do coração, através dos sentimentos de amor, compaixão e gratidão e também pelo treinamento da respiração.
Hoje, somos capazes de medir e treinar, por meio de software, o quanto o coração do paciente está em estado de Coerência Cardíaca. Isto ocorre quando o coração bate numa frequência cardíaca constante, o tempo todo oscilando próximo a média. É esta constância que possibilita este campo eletromagnético mais estável e assim colabora com a autorregulação dos outros sistemas.
Por outro lado, sentimentos como rancor, raiva, inveja e dissimular sentimentos, alteram este campo eletromagnético e acabam desregulando os sistemas, facilitando o aparecimento de doenças das mais variadas não só cardíacas, pois estamos falando de mal funcionamento sistêmico, cada indivíduo pode ser afetado em um sistema diferente, o qual já estaria mais predisposto.
Portanto lembrem-se, corram concentrados, prestem atenção na respiração, treinem a concentração, pois somos capazes de desenvolver esta percepção durante a corrida, este já é o princípio para que os sistemas se autorregulem, uma respiração bem tranquila e compassada é capaz de estabilizar os batimentos cardíacos, mas não se esqueçam de perdoar, correr com amor no coração, isso já não é um conselho sem fundamento que o padre ou sua mão te dava, é recomendação de saúde.
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