07 out Lesões na panturrilha após os 40 anos
As estatísticas nos mostram que após os 40 anos de idade aumentam muito as chances de lesões nos músculos gastrocnêmios, das quais fazem parte da popularmente conhecida como panturrilha. Além disso, de 30 a 50% das lesões no esporte ocorrem em tecidos moles (músculos).
Como as lesões na panturrilha ocorrem?
Este tipo de lesão geralmente acontece na arrancada, quando o atleta está parado e dá aquela saída com potência muito comum em esportes como futebol e tênis. Quando a lesão é mais grave o atleta chega a sentir que alguém o agrediu por trás, dando sentido assim ao nome síndromes da pedrada.
Em lesões mais leves ocorre apenas o estiramento do envoltório fibroso do músculo que chamamos de fáscia, à medida que a lesão é mais grave detectamos maior número de fibras musculares rompidas, caracterizando assim a ruptura muscular. Em todos os casos pode ocorrer acúmulo de líquido da região, o que gera um quadro ainda mais doloroso pela compressão dos tecidos pelo edema (inchaço).
Tratamento para lesão na panturrilha
O tratamento agudo, nos primeiros dois dias é de repouso relativo, que significa apenas repouso das atividades que causam dor, com impacto e que exijam contrações rápidas em geral. O movimento é importante para todo o processo regenerativo, desde o primeiro momento para minimizar o acúmulo de líquidos, até a fase final, na qual o movimento vai ajudar o direcionamento das fibras musculares regeneradas e da própria fibrose que se instala dando suporte ao tecido regenerado.
Além disso, muito gelo nesta primeira fase para aliviar o desconforto causado pelo processo inflamatório agudo, mas depois que o processo de regeneração se inicia o gelo não favorece o metabolismo da cicatrização, portanto deve ser usado apenas nos dias em que o inchaço aumentar por um excesso de atividades, um exemplo é perceber que andou mais do que deveria aumentando assim a sensação de dor local.
Às vezes é importante o uso de muletas para diminuir a descarga de peso no membro em que está a lesão, facilitando assim um andar natural e favorecendo a drenagem da perna. Claudicar (mancar) pode ser uma adaptação negativa, já que não permite mobilizar as articulações em toda a sua amplitude, sendo mais um fator que facilita o acúmulo de líquidos nos tecidos.
Outro fato curioso é que a maior parte das lesões ocorre na junção do tendão com o músculo, junção miotendínea, por ser uma região sensível, responsável por transferir a força do tendão, estrutura rígida, para o músculo, tecido mole contrátil.
Por que a lesão na panturrilha acontece a partir dos 40 anos
Para entender o porquê de uma lesão estar estatisticamente mais ligada a uma parte da população é interessante também pensarmos em questões como rotina e hábitos. Nesta fase da vida, a partir dos 40 anos, muitos esportistas usam a prática esportiva para liberar o estresse acumulado no trabalho, sendo assim deixam de se dedicarem para o esporte como uma preparação física e começam a disponibilizar parte deste tempo para a família e trabalho. Na maior parte das vezes acumulam muita tensão no corpo por diminuírem a quantidade e variedade de movimentos que fazem durante a semana e uma ou duas vezes por semana praticam o esporte de forma intensa para compensar as atividades que deixou de praticar.
Além disso, nossa capacidade para prática de um esporte, com intensidade, normalmente é super estimada. Acreditamos que ainda podemos fazer tudo da mesma forma de quando nos preparávamos mais, no entanto o corpo está mais rígido, temos mais preocupações, a regeneração de microlesões nos tecidos, que são normais no esporte, com o tempo se torna mais lenta, e assim, a chance de ocorrem rupturas musculares tende a aumentar justamente nesta fase de transição, na qual ainda temos a capacidade de praticar o esporte com intensidade, mas as mudanças em nosso metabolismo e na rotina já mudaram.
Artigo Escrito Por:
Claudio Cotter | CREFITO 30874-F
Instagram: @fisiocorredor
- Graduação em Fisioterapia pela Universidade Cidade de São Paulo;
- Especialista em RPG;
- Formação no Método Busquet;
- Pós Graduado em Medicina Psicossomática – Associação Brasileira de Medicina Psicossomática;
- Ex-Fisioterapeuta da Seleção Brasileira Feminina de Futebol (CBF);
- Colunista do Portal Ativo e Webrun;
- Ultramaratonista;
- Consultor da Mizuno segmento running;
- Sócio-fundador da CM.2 Clínica Multidisciplinar.
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