27 nov El Cruce por um Fisioterapeuta
Fisioterapeuta Participando de um El Cruce
A ideia de participar de um El Cruce veio um ano antes, quando alguns amigos participaram e falaram sobre a prova. Ao mesmo tempo comecei a participar de algumas provas de 21 km na montanha, já pensando em entender como era este tipo de prova que nunca tinha participado e começar a treinar técnica de montanha.
No final do ano passado participei de um Desafio das Serras, que posso dizer, me preparou não só fisicamente, como psicologicamente para este tipo de prova. As serras aqui de São Paulo são bem mais complexas do que o terreno lá no El Cruce e que servem como um ótimo preparo para o El Cruce, pois para mim, após toda a preparação, o que demonstrou ser a maior dificuldade foi o “terceiro dia”.
O “terceiro dia” é complicado, pois apesar de ter participado de muitas provas durante o ano e ter simulado em vários momentos nos meus treinos 3 dias seguidos com volumes altos, nada te prepara para tantas subidas por 3 dias seguidos. Posso dizer até que o segundo dia de prova foi um refresco, pois tivemos menos subidas e a distancia foi a menor dos 3 dias, mas as dores musculares e a dificuldade de entrar e sair da barraca na segunda noite te fazem pensar que talvez não seja possível correr mais um dia, principalmente pensando que os primeiros 10 km seriam de subida quase que constante.
A conclusão depois de ter passado pelo El Cruce é que qualquer um que tiver vontade de fazer uma prova como esta realmente é capaz, a força de vontade é o mais importante, o que vai diferenciar os corredores é o tempo que cada um vai levar para fazer a prova e o quanto cada um vai ficar dolorido depois. Quem buscar performance vai fazer mais rápido e provavelmente ficar mais dolorido, os que participarem com o objetivo apenas de completar a prova irão curtir mais o visual e provavelmente ficar menos doloridos.
Ter passado por estes 100 km me mostrou que é possível resolver situações difíceis de varias formas diferentes, pois lá os obstáculos eram os mesmos para todos, mas cada um passava por eles de uma forma diferente.
O conselho do fisioterapeuta não poderia ser diferente, para uma prova como está recomenda-se muito treino funcional, treino de equilíbrio (proprioceptivo), pliometria (saltos) e tudo que possa simular as situações de saltar obstáculos e variações de intensidade de treino. O risco de entorse de tornozelo em provas como esta é muito grande, portanto estes treinos são essências para não comprometer a prova por uma lesão como esta.
Sobre o “terceiro dia” de prova, é realmente uma superação, quando estávamos indo dormir no segundo dia achávamos impossível correr mais um dia, ao acordar ainda não parece muito coerente correr mais 30 km, mas ao começar a vestir a roupa, tomar o café da manhã e arrumar a mochila parece que naquele momento tudo volta a ser possível e realmente após os primeiros passos a musculatura se aquece e tudo flui naturalmente.
Só posso dizer que é uma experiência única e que recomendo muito para qualquer um que queira superar seus limites numa prova que, se bem preparado, não é uma prova que apresente grandes riscos, além de proporcionar uma vivencia muito interessante de acampamento com pessoas do mundo inteiro e o famoso churrasco argentino.
Fonte: Webrun
Artigo Escrito Por:
Claudio Cotter | CREFITO 30874-F
Instagram: @fisiocorredor
- Graduação em Fisioterapia pela Universidade Cidade de São Paulo;
- Especialista em RPG;
- Formação no Método Busquet;
- Pós Graduado em Medicina Psicossomática – Associação Brasileira de Medicina Psicossomática;
- Ex-Fisioterapeuta da Seleção Brasileira Feminina de Futebol (CBF);
- Colunista do Portal Ativo e Webrun;
- Ultramaratonista;
- Consultor da Mizuno segmento running;
- Sócio-fundador da CM.2 Clínica Multidisciplinar.
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