Disfunção temporomandibular – DTM

27 jan Disfunção temporomandibular – DTM

Nos últimos anos percebemos um aumento importante de pacientes com queixa de dor na musculatura mastigatória. Grande parte das queixas ocorrem por uma série de fatores relevantes, que mudaram nossa realidade como, o aumento do uso de eletrônicos, que nos mantem parados (diminuindo substancialmente a quantidade de movimentos que fazemos por dia), mal posturados e ligados o tempo todo no trabalho e notícias.

Se a única questão fosse o aumento das tensões musculares seria realmente fácil resolver a questão, mas como na maior parte dos casos, estas questões de disfunções que geram alterações na dinâmica do nosso corpo são multifatoriais, com repercussões para o resto do corpo e sofrendo influências de possíveis alterações que venham do resto do corpo também.

Chamamos de interferências ascendentes e descendentes da postura, são tensões que se deslocam pelo corpo por meio do nosso sistema miofascial (músculos e fáscias), que provocam adaptações na nossa postura e fisiologia, que nem sempre são tão eficientes.

A adaptação do corpo

Falando de adaptações, consideramos boas, as que geram compensações eficientes, que não desgastam outras partes do nosso organismo e más adaptações aquelas pouco eficientes, que desgastam nosso organismo. Um exemplo é a escoliose, quando bem compensada não evolui, não comprime órgão, não gera dores e não gera desgastes articulares. Quando mão compensada o quadro é exatamente o oposto.

A relação da postura com a articulação temporomandibular ou ATM

Até aqui já fica bem claro que nossa postura e história de vida influencia diretamente a postura de nossa articulação temporomandibular (ATM). Além disso, temos ainda as alterações que chamamos de intrínsecas como, alterações na dentição, no crescimento ósseo, na dinâmica mastigatória e obturações mal feitas, que também influenciam na formação e biomecânica da articulação temporomandibular.

O que é a articulação temporomandibular ou ATM?

Quando temos uma conjunção de alguns destes fatores, que sejam mal adaptados, podemos gerar uma disfunção temporomandibular (DTM). No início, alguns pacientes queixam-se de dores na musculatura mastigatória, dores de cabeça ou limitação na abertura da boca de um ou dos dois lados, ou combinações destas alterações. Em casos mais graves podem ocorrer travamento da articulação por pinçamento do menisco ou artrose da articulação.

A relação deste complexo mecanismo de abrir e fechar a boca tem uma ação direta com a cervical, assim justificando alguns casos de queixas de dores e sensação de travamento destas vértebras e dos músculos desta região. Quando abrimos e fechamos a boca dependemos de um equilíbrio perfeito entre os músculos que ficam à frente do pescoço (músculos flexores da cervical) e os músculos que ficam na região de trás (músculos extensores da cervical).

Como a fisioterapia pode ajudar no tratamento da DTM?

Sabemos que fazer intervalos durante as jornadas de trabalho no computador e no celular para movimentar a cervical girando e fazendo movimentos de flexão e extensão (movimento do sim) é extremamente eficiente, assim como fazer exercícios físicos ricos em movimentos diversificados como Pilates, Yoga, Gyrotonic®, além dos esportes que favorecem movimentos aleatórios, mas em alguns casos não é suficiente.

Técnicas de terapia manual com uma visão mais analítica, como o Método Busquet são importantes para detectar e liberar retrações que estejam mais arraigadas por hábitos de movimentação de longos períodos e aderências pós cirúrgicas.

A importância do acompanhamento multidisciplinar

Em alguns casos, é importante o trabalho da equipe multidisciplinar com a interação de outros profissionais como acupunturista, psicólogo e principalmente dentistas, pois é necessário avaliar a necessidade de fazer ajuste oclusal, que consiste em nivelar os contatos dos dentes, o que pode ser realizado desgastando sutilmente a superfície do dente, colocando resina ou ainda, tratando com aparelhos de ortodontia ou de ortopedia funcional dos maxilares.

Esta é uma especialidade que corrige a posição dos dentes, mas também estimula melhor posicionamento de língua e orienta a movimentação da articulação temporomandibular (ATM), tendo assim um efeito reeducativo da mastigação.

Além de corrigir, os dentistas também podem prescrever o uso de aparelhos que visam corrigir alterações na mordida e, consequentemente, na articulação, a fim de proporcionar uma melhora em diversos aspectos da vida do paciente.

Como evitar problemas na articulação temporomandibular?

Como já descrito, diversas atitudes do nosso dia a dia podem desencadear problemas para o sistema musculoesquelético, incluindo a articulação temporomandibular (ATM).

Uma das principais formas de evitar tal aflição, é adotar atividades saudáveis e dosar atitudes, como ficar muito tempo sentado ou interagindo nas redes sociais através de smartphones.

Além disso, praticar esportes com o acompanhamento de um profissional, é essencial para manter o corpo e trabalhar a biomecânica. Ter a ajuda e monitoramento, é essencial para que o paciente não tenha predisposição a lesões por conta do esforço excessivo nas articulações.

A fisioterapia não é só para o tratamento da DTM

Receber o aconselhamento de um fisioterapeuta, adotar sessões de Reeducação Postural Global (RPG) ou Método Busquet são medidas preventivas para problemas na articulação temporomandibular (ATM), uma vez que tais terapias auxiliam na manutenção do sistema musculoesquelético.

Portanto, se você sofre com problemas na região do maxilar ou até mesmo sente dores articulares com frequência, estas podem estar atreladas ao seu estilo de vida, com poucas atividades físicas e hábitos posturais que se agravam ao longo do tempo, não deixe de procurar um fisioterapeuta.

O acompanhamento fisioterapêutico auxilia o paciente a retomar sua qualidade de vida ou até mesmo, melhorá-la. No entanto, o paciente precisa querer mudar, adotar novos hábitos a fim de viver melhor e sem dores recorrentes. São pequenas atitudes que fazem a diferença.

Artigo Escrito Por:

Claudio Cotter | CREFITO 30874-F

Instagram: @fisiocorredor

• Graduação em Fisioterapia pela Universidade Cidade de São Paulo;
• Especialista em RPG;
• Formação no Método Busquet;
• Pós Graduado em Medicina Psicossomática – Associação Brasileira de Medicina Psicossomática;
• Ex-Fisioterapeuta da Seleção Brasileira Feminina de Futebol (CBF);
• Colunista do Portal Ativo e Webrun;
• Ultramaratonista;
• Consultor da Mizuno segmento running;
• Sócio-fundador da CM.2 Clínica Multidisciplinar.

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