26 mar Como Escolher um Tênis de Corrida
Tudo que você precisa saber para escolher um novo tênis de corrida.
Muitas vezes me perguntam qual é o tênis de corrida ideal, normalmente querem saber a marca que prefiro. Às vezes me perguntam sobre o drop (diferença entre a altura do calcanhar e do antepé) e mais raramente se acho que devem usar tênis neutro ou pronado.
De 8 anos para cá, estudos como os de Daniel Lieberman, de Harvard, têm nos mostrado sobre estas indicações. Tenho escrito muito sobre nossa capacidade adaptativa, foi ela que possibilitou sobreviver a todas as adversidades que a natureza impôs, nos colocando como espécie dominante.
A verdade é que correr com o mínimo de amortecimento e drop, realmente tende a nos tornar ainda mais capazes de nos adaptarmos nas variações do solo e a qualquer tipo de calçado, isso porque nos aproxima de nossa essência, que sem dúvida era corrermos descalços.
Mas isso não quer dizer que precisamos sair correndo sem tênis, o ideal é encontrar a melhor opção para cada tipo de pessoa. Corredores mais pesados e lentos, que automaticamente tendem a entrar com o calcâneo na pisada, devem optar por calçados com drop mais alto, com maior amortecimento para o calcanhar.
Por outro lado, corredores mais leves e rápidos devem aproveitar para usar calçados com menos amortecimento, sola mais fina e drop mais baixo, o que tende a jogar o primeiro contato para o médio pé ou antepé, favorecendo a velocidade ainda mais. Isso não gera problema para este tipo de corredor já que o mesmo não sofre com impacto, já que tende a avançar mais na horizontal e não sente tanto as cargas axiais, que tendem a incidir no corpo na vertical.
Basicamente, ao entrar em uma loja de calçados esportivos a recomendação é que experimente de acordo com sua preferência de marca, claro que tenho minhas preferências, mas tenho variado algumas marcas para testar e aumentar minha capacidade de adaptação.
Ao colocar o calçado caminhe pela loja, caso tenha esteira, aproveite para dar uma corridinha, perceba se na sensação da pisada o calçado tende a jogar sua pisada para dentro ou para fora. O correto é sentir a sola como se fosse o chão, uma pisada neutra é sempre a melhor opção. As correções genéricas, como os calçados para pronadores não garantem uma correção precisa, além disso segundo estudos da biomecânica mais atual isso não faz grande diferença na prevenção de lesões.
Como sempre recomendo que os corredores provoquem o corpo com mudanças lentas e gradativas, isso vale para aumento de volume de treino, aumento de cargas na musculação e também para a mudança de calçados. Se quer diminuir o drop vá gradativamente, passe de 12mm para 9mm, por exemplo.
Quando sentir conforto para correr nos seus treinos mais intensos, ou nos que tenham pelo menos metade de sua distância máxima, comece a diminuir um pouco mais, até 5 ou 4mm. O importante é que cada vez que o corredor diminuir o drop, ele treine distâncias menores e use modelos antigos para dar tempo a adaptação do corpo.
Quanto aos maximalistas não posso opinar, nunca experimentei e não pretendo. Gosto de sentir meu pé próximo ao chão, das percepções e ajustes que a sensação favorece, afastar os pés do chão diminui os estímulos aos receptores dos pés, o que me faz pensar qual seria a vantagem. Amortecimento? Aumentar o amortecimento do calçado só diminui o trabalho do corpo, ou seja, enfraquece o corpo, isto não é vantagem, mas sim desvantagem!
É claro que não sou dono da verdade, existem corredores que adotaram o minimalismo e outros o maximalismo, mas como diria Buda, realmente prefiro ficar no meio, acredito inclusive que, baseado em todo conhecimento científico e experiência de corredor que tenho, posso afirmar que a variação de tipos de calçados durante a semana é extremamente vantajosa para tornar o corpo absurdamente mais adaptável à vários tipos de terrenos e provas diferentes.
Portanto, ousem! Experimentem vários tipos de calçados, experimentem caminhar mais descalços, quem sabe até mesmo correr assim na praia ou na pista por pequenos trechos, mas não esqueçam de respeitar seus limites, esta é a recomendação, não existe receita, somente bom senso!
Fonte: Webrun
Artigo Escrito Por:
Claudio Cotter | CREFITO 30874-F
Instagram: @fisiocorredor
- Graduação em Fisioterapia pela Universidade Cidade de São Paulo;
- Especialista em RPG;
- Formação no Método Busquet;
- Pós Graduado em Medicina Psicossomática – Associação Brasileira de Medicina Psicossomática;
- Ex-Fisioterapeuta da Seleção Brasileira Feminina de Futebol (CBF);
- Colunista do Portal Ativo e Webrun;
- Ultramaratonista;
- Consultor da Mizuno segmento running;
- Sócio-fundador da CM.2 Clínica Multidisciplinar.
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