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Alongamento

Alongamento

Você faz alongamento?

 

Vamos começar a esclarecer para o que serve o alongamento em cada situação. Mas antes, é necessário introduzir alguns conceitos de fisiologia muscular. O treinamento que excede os limites do músculo, como o treinamento de hipertrofia ou mesmo treinos de corrida que vão além do que o músculo estaria preparado para aguentar são necessários para que atletas e mesmo pessoas comuns evoluam na sua condição física.

AlongamentoMas aquela dor muscular que fica no dia seguinte não tem nada que ver com o “ácido láctico” que ficou no músculo. Em alguns minutos após o treino o corpo drena os catabólitos do tecido, inclusive o lactato, e quanto mais bem treinado o atleta está, mais rapidamente ocorre essa limpeza. Outro dado importante é que atividades leves como caminhar por 10 a 15 minutos facilitam essa “limpeza” do tecido.

Bem, então por que ficamos com dor muscular? São microlesões que ocorrem no tecido muscular que, na medida certa, são importantes para evoluir dentro de um sistema de treinamento. Agora, vamos imaginar esse músculo com essas microlesões sendo alongado logo após um treinamento. Sim, a chance de transformar microlesões, que seriam facilmente resolvidas em questão de dias, em lesões graves que demorariam no mínimo 3 semanas para cicatrizar, realmente existe.

Então, o certo seria não alongar? Também não. Temos então, que entender para o que serve o alongamento.

O alongamento tem duas funções básicas, e quando feito da maneira correta, cumpre com suas funções. Em um treinamento de flexibilidade, o alongamento, a longo prazo, vai estimular o músculo a produzir novas unidades funcionais, pequenos quadradinhos que compõem a fibra muscular.

Mas a curto prazo, o alongamento pode contribuir muito para diminuir a tensão do tecido muscular e, associado a manobras muito utilizadas hoje na Terapia Manual, por fisioterapeutas, pode auxiliar no tratamento de fibroses musculares. Aí entramos em outro tema controverso para a opinião pública, principalmente no futebol, em situações em que, às vezes, médicos e fisioterapeutas de clubes são duramente criticados e até mesmo perdem seus empregos em clubes, por liberarem o atleta do departamento médico, e no jogo seguinte, o atleta sair do campo com dor no mesmo lugar em que a lesão foi tratada.

Primeiramente, temos que compreender que, após o processo de cicatrização de uma lesão, por melhor que tenha sido a regeneração tecidual, ainda assim é possível que haja formação de fibrose cruzada, ou seja, fibras colágenas que não se alinham com as fibras já existentes, provenientes da cicatriz que se forma no local. Esse tecido fibrótico tem que ser manipulado pelo fisioterapeuta, para romper as fibras cruzadas e liberar as fibras musculares para deslizarem melhor na contração. Quando essa liberação não ocorre por completo, pode acarretar numa dor parecida com a dor da própria lesão. Após a manipulação do tecido e alongamento bem orientado o tecido volta a ter a flexibilidade natural.

Gosto de lembrar sempre de alguns estudos que apoiam essa conduta. O primeiro foi um estudo feito aqui no Brasil, que comprovou que o ultrassom utilizado na fisioterapia diminui a quantidade de tecido fibrótico e aumenta a de tecido regenerado (tecido original do músculo) após uma lesão muscular. Vários estudos já demonstraram que o alongamento deve ser feito lenta e gradativamente, sem forçar o tecido, pois o movimento brusco pode estimular uma contração reflexa (reflexo do estiramento), o que faria com que se perdesse o estímulo do alongamento e ainda provocaria uma contratura muscular. Importante também entendermos que quanto mais tempo se permanece com o músculo alongado, maior o ganho de alongamento, portanto, aquele alongamento de 15 segundos é realmente um estímulo muito pequeno. Começamos a falar em alongamento a partir de 30 segundos.

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Artigo Escrito Por:

Cláudio Cotter

Claudio Cotter | CREFITO 30874-F

Instagram: @fisiocorredor

  • Graduação em Fisioterapia pela Universidade Cidade de São Paulo;
  • Especialista em RPG;
  • Formação no Método Busquet;
  • Pós Graduado em Medicina Psicossomática – Associação Brasileira de Medicina Psicossomática;
  • Ex-Fisioterapeuta da Seleção Brasileira Feminina de Futebol (CBF);
  • Colunista do Portal Ativo e Webrun;
  • Ultramaratonista;
  • Consultor da Mizuno segmento running;
  • Sócio-fundador da CM.2 Clínica Multidisciplinar.

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